“A linha ferroviária do Corgo (Portugal)” – Mário Silva (IA)
“A linha ferroviária do Corgo (Portugal)”
Mário Silva (IA)
A Linha do Corgo foi uma das mais emblemáticas linhas de caminho-de-ferro do interior norte de Portugal. Ligando as cidades de Chaves e Peso da Régua, esta linha estreita (bitola métrica) foi essencial para o desenvolvimento das comunidades transmontanas ao longo do século XX.
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A sua inauguração ocorreu em 12 de maio de 1906, quando o comboio chegou a Vila Real, e foi concluída em 28 de agosto de 1921 com a extensão até Chaves.
Durante décadas, a Linha do Corgo desempenhou um papel fundamental no transporte de pessoas e mercadorias, promovendo o crescimento económico e facilitando a ligação de Trás-os-Montes ao Douro e ao restante país.
O comboio era utilizado tanto para deslocações diárias como para o escoamento de produtos agrícolas, especialmente vinho e cereais, fortalecendo a economia local.
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No entanto, a partir da segunda metade do século XX, com a modernização dos transportes rodoviários e a crescente aposta no automóvel, a linha começou a perder relevância e investimentos.
Em 1990, o troço entre Vila Real e Chaves foi encerrado, marcando o início do declínio da ferrovia na região.
O golpe final veio em 25 de março de 2009, quando a ligação entre Peso da Régua e Vila Real foi encerrada para obras, mas, para desespero das populações locais, nunca mais foi reativada.
Em julho de 2010, a Rede Ferroviária Nacional decretou o encerramento definitivo da linha.
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O encerramento da Linha do Corgo representou uma grande perda para as populações transmontanas, que ficaram privadas de um meio de transporte eficiente e acessível.
A ferrovia era vista não só como um símbolo de progresso e identidade regional, mas também como um elemento essencial para o desenvolvimento económico e social da região.
O seu desaparecimento aumentou o isolamento das comunidades do interior, obrigando à dependência quase exclusiva do transporte rodoviário, com custos mais elevados e menor acessibilidade para os mais idosos e desfavorecidos.
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Ainda hoje, a memória da Linha do Corgo permanece viva nas recordações das populações e na paisagem, onde os vestígios dos trilhos abandonados contam a história de uma época em que o comboio era o principal elo de ligação entre Trás-os-Montes e o resto do país.
Apesar de algumas propostas e estudos para a reativação da linha ou a sua reconversão para fins turísticos, o futuro desta infraestrutura permanece incerto.
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Contudo, para muitos, a esperança de ver novamente o comboio percorrer os vales e montes transmontanos ainda não desapareceu completamente.
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Texto & Desenho digital: ©MárioSilva
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