"A Jovem colhendo uma flor campestre" - Mário Silva (IA)
"A Jovem colhendo uma flor campestre"
Mário Silva (IA)
A terra húmida beijava-lhe os pés descalços, e o vento, tímido, acariciava os fios soltos do seu cabelo.
A jovem ajoelhava-se diante da pequena flor, que rompera o solo com uma delicadeza quase ingénua, como se a sua existência fosse um sussurro da natureza, um segredo contado apenas ao coração de quem soubesse escutar.
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Ela estendeu a mão com suavidade, os dedos pairando sobre as pétalas trémulas.
Não havia pressa, apenas o instante suspenso entre a vontade e a hesitação.
A flor exalava uma fragrância subtil, um cheiro de amanhecer e orvalho, como se carregasse em si a lembrança de um tempo que ainda não chegou.
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Os seus olhos, cheios de ternura, refletiam a efemeridade daquele momento.
Sabia que, ao colhê-la, interromperia o seu breve ciclo, arrancando-a da raiz que a prendia ao mundo.
Mas talvez fosse essa a essência da beleza: existir por um sopro, iluminar a vida de alguém e, então, partir.
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Com um toque leve, os seus dedos fecharam-se ao redor do caule.
Não houve dor, apenas um adeus silencioso.
A flor, agora nas suas mãos, parecia ainda mais frágil, como se compreendesse que oseu destino havia mudado.
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A jovem sorriu, não de felicidade, mas de gratidão.
Levantou-se devagar, com o cuidado de quem respeita os pequenos milagres da vida.
E, enquanto caminhava, uma brisa suave fez com que algumas pétalas se desprendessem e dançassem pelo ar, livres, como se tivessem escolhido o seu próprio voo.
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Texto & Ilustração digital: ©MárioSilva
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