"O nascimento dos patinhos – Renascimento da Vida": O Começo dum “Mundo”
"O nascimento dos patinhos – Renascimento da Vida":
O Começo dum “Mundo”
Mário Silva (IA)
No recanto silencioso do velho celeiro, onde o tempo se enrosca nas tábuas gastas, um milagre desenha-se.
O ninho, trançado com paciência e instinto, guarda no seu abraço de palha o segredo da criação.
Os ovos, até então fechados como promessas, começam a vibrar sob o chamamento da vida.
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Um leve estalo. Depois outro.
Pequenas fissuras rompem o véu do desconhecido.
E então, a luz.
Frágeis, mas determinados, os patinhos libertam-se do casulo de cálcio e descobrem o primeiro sopro do mundo.
Os olhos ainda turvos, os corpos de plumas douradas tremulam na brisa que entra pela fresta da madeira.
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Tudo é novo.
O cheiro do feno, o calor do sol filtrado pelas sombras verdes da parede, o som suave das asas da mãe que vigia, atenta, o desabrochar dos seus pequenos filhotes.
A vida reinventa-se em cada batida do coração miúdo, em cada olhar curioso lançado ao desconhecido.
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Ali, naquele instante de pura essência, o mundo recomeça.
Não importa quantas vezes tenha girado, quantas estações tenham passado.
Cada nascimento é um renascimento, uma nova chance de ser, de sentir, de preencher o tempo com a dança delicada da existência.
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E os patinhos, aninhados entre cascas partidas e promessas cumpridas, seguem a sua primeira lição: viver é abrir os olhos e se encantar.
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Texto & Ilustração digital: ©MárioSilva
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